Poemas escritos a partir das pinturas feitas com tintas de solos: Jabuticaba e João de Barro da artista Andrelisa do Santos de Jesus.
Jabuticabeira
Tenho um jabuti na cabeceira
quando sonho com minha jabuticabeira.
O jabuti contempla a linda florada,
mil vezes adorada
na árvore frutificada
como pérolas negras
E azuis turquesa!
Que brotoeja
o gosto
de deliciosas bolas
em sua haste
que na língua
explode
lisa-açucarada
como os olhos
da noite
de estrelas burricadas!
Para estrangeiro que não
a conhece
você é só Brazilian Berry.
Mas teu gosto que degusto
Faz de mim mesmo
o jabuti
Que não aparta de ti
Pé de jabuticaba!
O meu amor por ti
Nunca acaba!
João de Barro do Ipê Amarelo
João, irmão plumado,
fizeste tua morada
tão terrestre e tão alada!
O teu barro arranha o céu
Neste alto Ipê Amarelo
Em que está assentada
A tua mansarda!
João, pássaro cor de feijão,
fizeste de barro humilde
Tua nobre morada
João, arquiteto de argila
Tua construção afaga, indaga, abriga.
João, amigo, o teu abrigo
é como nossa estrada
De barro pisada,
de pegadas marcadas…
Sábio construtor!
João de Barro
fez sua casa no alto
perto do crepúsculo,
no fim do dia.
E o teu aconchego
É ninho, forno e casa.