A literatura e as outras artes são, a priori, fontes privilegiadas de acesso à cultura e ao imaginário social. A partir delas, também o espaço e o tempo descortinam-se como referências, através dos comportamentos, que, como ilustrações, emergem dos personagens, nas suas tramas variadas e surpreendentes. Assim, como emergem saberes, astúcias e alternativas poético-simbólicas. Um universo de sentido que possibilita penetrar o secreto e o invisível, do que mais profundamente podemos entender como realidade. A Literatura corresponde a uma parte fundamental do imaginário ontológico do mundo que nos cerca, é imaginação ativa (ação de imaginar) possibilidade de vislumbrar futuros alternativos, criar realidades totalmente novas e lugares ideais/desejados, até mesmo do passado. Consiste num meio, num fluxo, não necessariamente linear, entre o criar e o lembrar. Uma convergência entre vida, experiência e sensibilidade que amadurece sob o nome de Arte. A Arte detém o encantamento, é o espaço no qual, através da linguagem, a emoção transita e situa-se. emoção, imaginação, lembrança, percepção sutil e elaborada do universo que nos cerca! Poderia a Ciência e a Geografia, enquanto saber científico, obter da Arte mais do que uma fonte de pesquisa? Esse modo de olhar o mundo, de compreendê-lo, de reconstruí-lo e nele intervir, próprio da arte, sobretudo, da arte literária não poderia ser um método? Um saber sensível para estabelecermos os pressupostos de uma Geografia Poética, como existe uma poética do espaço, como bem escreveu Bachelard (2000). Propor questões, lançar perspectivas, incentivar a interlocução entre Geografia e Arte, e investigar a construção da emergência da sensibilidade são os objetivos deste texto.
Cristina Pereira da Silva, V. (2019). Geografia, Literatura e Imaginário: um saber para sensibilidade. Vida De Ensino (ISSN 2175-6325), 4(1), 1-18. Recuperado de https://ifgoiano.edu.br/periodicos/index.php/vidadeensino/article/view/1131