As obras de arte contemporâneas dizem muito sobre a nossa época, sobre o modo como a percebemos e como a vivenciamos. É com esta intenção que buscamos neste trabalho fazer uma leitura dos espaços imaginários e da narrativa na pós-modernidade a partir do filme A Dama na Água do cineasta M. Night Shyamalan. Dentre os temas que o filme aborda estão a retomada do mito no cotidiano, a emergência do imaginário e o papel que a ficção tem na transformação da realidade. A metodologia da análise fílmica é realizada a partir da semiótica da imagem, da hermenêutica simbólica e do aporte fenomenológico, sobretudo, presente nas obras de G. Bachelard e G. Durand. No filme o lugar sofre mudanças a partir do reencantamento, da presença do mito e o espaço transforma-se à medida em que os personagens envolvem-se para salvar Story, ao passo que adquirem outra perspectiva para encarar o mundo a sua volta. O enredo traça uma ideia de despertar, como ir além, devolvendo à vida e ao lugar, o sonho de uma narrativa a muito esquecida. Com a narrativa sobre um livro dentro do filme e uma história que fala sobre história, a metaficção presente no filme entrecruza ao longo da trama os papéis da narrativa fílmica e literária, reservando um papel contundente à critica. É nesta atmosfera complexa que buscaremos encontrar na filmografia de A Dama na Água traços na nossa pós-modernidade latente.
Como citar:
SILVA, Valéria Cristina Pereira da. Espaços imaginários no filme “A Dama na Água” de M. Night Shyamalan: a narrativa na pós-modernidade. Revista Geograficidade. Disponível em: http://periodicos.uff.br/geograficidade/article/view/12986