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“O mundo reflete-se em asas de borboletas e em bolhas de sabão”. Com este verso intitulo a presente mostra e apresento a tonalidade do fazer poético: colher imagens, enfeixar idéias inusitadas e numa linguagem lúdica arrebanhar palavras para ir a outros mundos.

Caminho em direção as nuvens azuis e pastoreio as palavras para tê-las no fundo dos sonhos. Os ventos desenlaçam os versos brancos em sua cor silêncio e os sonhos são horizontes onde as palavras são tangidas.

A poesia forja-se na noite, como a meia-lua na vidraça, nevoada de sereno, de brisa amorosa. Na janela o olhar estendido, sobre o telhado de todas as esperanças, forma o arco de luz no desvão da noite.

A ventania das estrelas varre o crepúsculo dos anos e uma lembrança, feito cantiga, ecoa… Uma pluma, um sopro, uma ciranda, um balanço… as tintas nas flores e as pétalas no arco-íris. Encontros fortuitos e inesperados de cheios e ocos, pesados e leves; empórios imaginários, encantatórios onde se movem os objetos lúdico-poéticos: um guarda-chuva com cores de infinito, moinhos de amoras, vitrais de cata-vento, veludos de violinos, bonecas de pano e carrosséis de borboletas. Pião, janela, envelope e escadas de pensamento. Espelhos, lustres, velas… uma flor azul ao rés do chão e o vôo púrpuro de um balão. Vento, estrela e tempo… treliças de tempestades. Bolhas de sabão, ciranda de sonhos, sopros de dente-de-leão. Pipa vermelha em céu anil… e o avental cheio de flores tremulando num varal, numa ponta o fio e na outra o infinito, teares absolutos do tempo. O vão, os veios, as vigas e os vincos do caminho. Poesia-cantiga como batida dos sinos no vento de agosto. Lembrança de sentir, de ser, de sonhar, de guardar o mundo em forma de palavras e, numa vontade- esperança, compartilhar duma experiência poética que se reveste do lume de um tempo dentro do outro.

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